domingo, 17 de novembro de 2013

Serpenses Ilustres (Figuras da nossa Terra) VI

Filho de Joaquim de La Féria y Ramos e de Maria Gertrudes Calabaço, o Dr. Ramon Nonato de La Féria, nasceu em Serpa nos finais do Séc XIX.
Pouco encontrei sobre a vida e obra do Dr. Ramon Nonato de La Féria, médico de profissão, que bem merecia um aturado estudo tanto pela figura que foi, como pela sua acção em Serpa e em Lisboa.

Quando da implantação da Republica foi o Dr Ramon, que a anunciou ao Povo na então Vila de Serpa. A sua acção politica, de Republicano convicto, mistura-se muitas vezes com a sua posição de Presidente do Concelho da Ordem Maçónica, na qual se iniciou em 1914 na Loja Cândido dos Reis.

Esteve preso sem culpa formada de 1937 a 1939, sob a acusação de ser Maçom,  o que consta dos registos da PIDE, Serviços Centrais, Registo Geral de Presos, liv. 29, registo nº 5776 .
Foi também presidente da Direcção do então Grémio Alentejano nos anos de 1925 a 1928 e Director do Posto Clínico da Casa do Alentejo. Revista que no seu nº. 170 de Junho de 1951, lhe tece grandes e merecidos elogios, como dirigente, como médico e como Homem.

Transcrevo o que foi escrito acerca deste ilustre Serpense, quando do descerramento da lápide que deu o seu nome ao Consultório Clínico da Casa do Alentejo.
- “Ao comemorar o 28º aniversário do inicio da manifestação colectiva do regionalismo alentejano, entende o «Boletim da Casa do Alentejo» que secundou a homenagem de 1949 ao descerrar-se a lápide dando ao consultório o nome do Dr Ramon de La Féria, apresentar à consideração dos sócios da Casa do Alentejo o exemplo nobilíssimo desse Homem, Médico e Alentejano ilustre, que, num tempo de egoísmo e de interesse próprio, esquece tudo o mais para servir com desvelo e devotada abnegação, os que nascidos em terra alentejana carecem do amparo dos seus comprovincianos”-.

sábado, 9 de novembro de 2013

Notas breves da História de Serpa

1 - CONQUISTA E RECONQUISTA
- A povoação de Serpa foi pela primeira vez conquistada aos Mouros - como todos sabemos - por D. Afonso Henriques no ano de 1146, tendo por diversas vezes sido perdida e reconquistada, tanto aos Mouros como a Castela e finalmente recuperada para a coroa Portuguesa em 1285.
Pela sua posição estratégica fronteiriça, Serpa assistiu e sofreu duras perdas tanto humanas como patrimoniais, nas Guerras entre Portugal e Espanha.São disso exemplo a Guerra da Restauração 1640/1648, Guerra da Sucessão de Espanha 1703/071, cujas memórias estão bem patentes nas Muralhas do Castelo, depois pelas Invasões Francesas 1801/1814.
Ainda a sangrenta perda de vidas quando da Guerra Civil entre Miguelistas e Liberais 1826/1834. 
2 - FORAIS E TITULO

- Foram três os forais atribuídos a Serpa, sendo o primeiro concedido por Afonso X, de Castela, em 1285, denominado "Foral de Sevilha", elevando a povoação à categoria de Vila. As terras da margem esquerda do Guadiana, estavam na posse daquele reino, desde 1271. Afonso X mandou também estabelecer a sua demarcação territorial.
- O segundo Foral foi concedido por D. Dinis em 1295, tendo sido construídas as chamadas muralhas Dionisinas ou seja, o primeiro "pano" de muralhas.
- O terceiro Foral concedido a Serpa em 1513 por D. Manuel I senhor de Serpa, o qual a mandou rodear de Muralhas.
- Em 1674 o futuro Rei D. Pedro II, confere à então Vila de Serpa o titulo de Notável, assim como os inerentes privilégios,justificados não só pelo seu numero populacional  ( +1500 almas) como pela nobreza das suas gentes, pelos homens insignes que dela saíram, tanto nas letras como nas armas  e ainda pela sua posição estratégica face a Castela.
3 - ELEVAÇÃO A CONCELHO, VILA E CIDADE

- Quando D. Dinis concedeu Foral a Serpa, que já era Vila, elevou-a a Concelho e mais tarde D. Manuel I, te-la-à  elevado a cidade, tendo voltado à condição de Vila por motivo e em data que se desconhece, (carece de confirmação a fonte desta informação que apenas encontrei num documento que carece de melhor investigação) podendo no entanto especular-se dado o conhecimento que se tem do decréscimo da sua população nomeadamente  no séc. XVII. Será um tema a pesquisar nos Arquivos da Torre do Tombo.
- De fonte segura sabe-seno entanto que o seu território foi fixado dentro de um perímetro tendo a Oeste o Rio Guadiana; a Este o Rio Chança; a Norte o Concelho de Moura e a sul o Concelho de Mértola, distando da Capital do Reino cerca de 137 milhas e da Capital do Distrito cerca de 17 milhas e que era o terceiro maior Concelho do Baixo Alentejo.
4 - ACHADOS ARQUEOLÓGICOS

- No território Serpense foram descobertos indícios da presença humana no Paleolitico; Calcolitico, nas Idades do Bronze e do Ferro, assim como nas Épocas Romana e Islamica.
5 - FREGUESIAS
- Ao longo da sua história foi Serpa dotada de Freguesias que mais tarde foram sendo eliminadas, resumindo-se actualmente a apenas cinco mas sem perder qualquer parte do seu território, antes pelo contrário, ganhando alguns territórios com agregação de Freguesias que anteriormente pertenciam ao Concelho de Moura.
Nota curiosa não obstante o aumento do território as suas fronteiras continuam as mesmas que foram fixadas no séc. XVI. 
5.1 - Freguesias extintas 

S. Braz
Santa Iria
Santa Ana
Santo Estevão 
Santo António Velho
Orada (Mina da Orada)
5.2 - Freguesias actuais

Pias 
Brinches
União de Freguesias de Vila Nova de S. Bento e Vale de Vargo
Vila Verde de Ficalho
União das Freguesias de Salvador e Santa Maria 
6 - ACTIVIDADE ECONÓMICA

Durante o séc XVIII e seguintes verifica-se uma grande concentração de propriedades nas mãos de grandes senhores que salvo raras excepções aplicam os seus lucros fora da região.
São desbravadas na segunda metade do séc XIX terras boas para cultivo e também terras improdutivas as chamadas "Galegas" nos anos 30/40 do séc XX a celebre campanha do trigo que estendeu a sua cultura intensiva até às regiões de xisto teve na região de Serpa consequências desastrosas.
Nos finais do séc XX, outra cultura que também não sortiu os efeitos desejados foi a do girassol e agora nos inícios do séc. XXI ainda nada se aprendeu sobre os malefícios do sistema de cultivo intensivo e ai estão as oliveiras em sistema de produção intensiva colocando-se mais uma vez de lado a pastorícia. 
Desta vez o Alentejo volta a estar sob o domínio de Espanha e daqui a uns anos quando as Oliveiras já não produzirem voltará o solo Alentejano a ficar mais pobre e improdutivo.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Convite a todos os Serpenses


Lendas da nossa terra - "Aldeia" Vila Nova de S. Bento


Conta a lenda que quando das guerras da restauração em 1640, existiam naquela zona duas aldeolas, a Aldeia da Fonte do Canto e não muito distante a Aldeia Cabeço de Vaqueiros, estando os espanhóis com domínio de ambas tal como no resto de Portugal, havia já 60 longos anos.
No Alentejo, raiano as escaramuças sucediam-se, ainda por cima a planura era propícia à acção da cavalaria espanhola que por muitas vezes irrompiam por ambas as aldeias

Mas continuemos, conta-se que uma linda jovem  da Aldeia da Fonte do Canto, se apaixonou por um rapaz da Aldeia vizinha, porém o seu amor parecia não ser correspondido, pelo que acabou por aceitar a corte de um soldado espanhol.
Ao ter conhecimento de que a jovem iria casar-se com um inimigo, logo se apressou a declarar o seu amor e a prometer tudo fazer para livrar as duas aldeias do jugo dos espanhóis.
Foi ai, que transbordante de alegria e na maior das felicidades a jovem, não só repudiou o espanhol como, invocando S. Bento, por quem tinha grande devoção, lhe roga pela vida do seu bem-amado e que valesse a este ajudando-o no cumprimento da sua promessa.
Logo o espanhol repudiado chama mais tropas e a luta surge sem tréguas entre os rivais, de um lado os espanhóis bem armados do outro, um grupo formado por um grupo de homens das duas aldeias armados com, alfaias agrícolas, pás, picaretas, foices e enxadas, que chefiados pelo jovem alentejano e unidos pela mesma intenção com bravura conseguiram por em debandada as tropas espanholas e libertar as aldeias da Fonte do Canto e de Cabeça de Vaqueiros.
As acções de graça em honra de S. Bento que tinha concedido um tal milagre não se fizeram esperar, era esta a opinião geral.
O povo das duas aldeias que assim lutara juntos logo decidiram unir também as duas aldeias, que assim ficariam mais fortes contra o inimigo. 
Mas que nome lhe haveriam de dar ? Pensaram um pouco. Não era uma aldeia nova que nascia? Pois seria Aldeia Nova a que acrescentaram de S. Bento, em honra e agradecimento ao Santo que os tinham ajudado a conquistar pela fé, a paz e a liberdade. 
Cumprida a promessa casaram os dois jovens juntando também as antigas aldeias numa  bonita história de amor.


Pormenor central do portico onde consta a data da construção da Igreja de S. Bento - 17720

Serpenses Ilustres (Figuras da nossa Terra) V

Manuel Francisco Bentes, nasceu em Serpa em 3 de Abril de 1885 num prédio da Rua dos Cavalos que também dá para a Rua do Governador em que à esquina tem uma janela de meios arcos. 
Frequentou a escola de Belas Artes de Lisboa e de Paris.
Em 1905 vai para Paria onde viveu cerca de 30 anos, a ele se juntam outros nomes da cultura portuguesa entre ele Eduardo Viana, Amadeu de Sousa Cardoso, Diogo de Macedo, Dório Gomes.
Regressa a Portugal nos anos 40 onde começa a leccionar em Lisboa e em Évora sendo nomeado em 1950 conservador da secção de pintura do  Museu do Paço Ducal de Vila Viçosa.
Fez várias exposições na país e no estrangeiro onde ganhou diversos prémios. Está representado nos Museus Soares dos Reis, nas fundações Calouste Gulbenkian e Casa de Bragança e em vários Museus Municipais.
Manuel Bentes faleceu em Portalegre a 26 de Junho de 1961 tendo os seus restos mortais sido trasladados para o cemitério de Serpa em 1968.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Serpenses Ilustres ( Figuras da nossa Terra) IV



Luís de Almeida e Albuquerque, Nasceu em Serpa na Rua da Capelinha  em 19 de Junho de 1819, filho de Bento de Almeida Vieira e Albuquerque e de Dª Ana Justina de Moura Furtado.
Licenciado em Leis aos 24 anos foi Lente na Escola Politécnica na cadeira de Economia Politica a qual regeu durante 62 anos.
Foi ainda Vereador e depois Presidente da Camara Municipal de Lisboa, Conselheiro de Estado, Secretário do Governo Civil de Lisboa, Vogal da Instrução Industrial e Comercial, do Conselho Superior do Comércio e Industria e Director Geral das Alfandegas.
Como Jornalista escreveu em várias publicações sendo mesmo proprietário do Jornal do Comércio e das Colónias do qual foi diretor, jornal em que colaboraram os maiores vultos da cultura do séc. XIX.
Na sua publicação “Recordações de Infância” Luis de Almeida e Albuquerque, que na verdura dos seus anos ainda sentiu o travo amargo dos seus medos, das suas perseguições, descrevia assim um dos episódios mais sanguinolentos da História da Vila de Serpa, vividos durante a guerra entre Liberais e Miguelistas:
                      Era esta Vila uma das que mais violentamente alimentavam ódios e as discordâncias,
                      em que ardia então todo o reino  e que para sempre assinalaram o medonho período
                      da nossa História, decorrido de 1828/1833.
O nome de Luis de Alemeida e Albuquerque, será dado a uma rua de Lisboa (Bairro da Graça) a instâncias do Conselgho da Faculdade de Ciências de Lisboa.
A toponimia de Serpa também o seu nome figura desde 1899 que a Vereação em 1967 transferiu para a rua atrás da escola primária (antiga escola do rapazes) junto ao Jardim.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Onde nasci


Eu nasci no quarto Bairro
E a saudade me remexe
Da Rua de Santo António
Mesmo ali ao pé da creche

O nascimento é notório
E a felicidade traduz
Ao meu pai de nome António
Minha mãe Maria da Cruz.

Apelidos também tenho
Da minha mãe o Rações,
Nome forte em tradição
E guardo com muito empenho
O do meu pai é Furão.

Desse rua tão pequena
Perpendicular às escadinhas
Chorei de saudade e pena
Por lembrar de vidas minhas

Das ruas deste meu espaço
Palmilhadas sempre a pé
Nunca chegava o cansaço
A este vosso amigo Zé

Naquela Travessa de Brinches
Brincadeiras muito encerro
Futebol de pé descalço
Na velha Linha de Ferro

Correrias sem ter fim
Nesse Bairro tão singelo
Que trás alegria em mim
Mesmo sendo velho é belo.

Sou de Serpa e a Deus peço
Vida longa e douradora
Eu nasci no Quarto Bairro
Ali às Portas de Moura

JRRF

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Termas Populares - Águas da Ferradura

Quem dos Serpenses mais velhos ou mais novos não terá ouvido falar nos benefícios das águas de Ferradura.
Ora vamos lá saber onde são e porque são tão famosas estas águas.
A localização:
A três km de distancia de Vila Verde de Ficalho, Concelho de Serpa, na Estrada Nacional 385 na direcção do Sobral da Adiça, existe um portão (informação disponibilizada em 2002) com a designação de "Herdade do Pé da Serra" franqueado-se aquela passagem percorrem-se mais 2 Km por estrada de terra batida encontrando-se de seguida a Herdade de Barros e Ferradura, a propriedade é particular mas o seu dono franquia a entrada aos aquistas, graciosamente o que nos dias de hoje é de louvar. A poça de água, designada por nascente 524N5, é conhecida e utilizada desde há muito tempo e consta de relatório de Inspecção de Aguas Termais de 1947, tem a configuração de uma ferradura, cerca de 12 metros de diâmetro e as suas águas são bicarbonatadas sódicas-magnesianas, trata-se de uma escavação em que água se encontra 2 metros abaixo do solo. As nascentes são três mas a poça nunca transborda. No fundo da poça existe uma argila gordurosa utilizada para dores musculares, reumatismo e doenças de pele e embora a maioria a use as aguas aquecidas, para banhos, há também quem tome agua e dizem, chegam a curar-se de doenças do fígado.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

1ª. Condessa de Ficalho, musa de Luis de Camões e outros Poetas

Rezam as Crónicas que Dª Francisca de Aragão, 1ª Condessa de Ficalho, terá nascido nesta casa, na Vila de Quarteira, Algarve, por volta do ano de 1536
Com a idade de 13 anos vai para a Corte, ficando ao serviço de Dona Catarina, mulher de D. João III.

Dizem que ofuscava com a sua beleza a própria Infanta Dª Maria, sendo por isso, adulada pelos poetas do seu tempo como nos dá conta o Cancioneiro Geral.
Poetas como Pedro Andrade Caminha, D. António de Almeida, D. Jorge de Meneses entre outros e, mesmo o grande Luís Vaz de Camões, se perderam de amores por D. Francisca. Foi D. Francisca que  de uma vez o desafiou o poeta com o mote: "Mas porém a que cuidados" a que o fogoso e temperamental "Trinca Fortes" alcunha de Luís de Camões, aceitando o repto lho devolveu, acompanhados de uma carta onde é bem patente a admiração que este lhe tinha.
Transcreve-se a composição que Camões escreveu:

« Que vindes em mi buscar,
cuidado, que sou cativo
e não tenho que vos dar ?
Se vindes a me matar
já há muito que não vivo;
se vindes, porque me dais
tormentos desesperados,
eu, que sempre sofri mais
não digo que não venhais:
mas porém a quê, cuidados?»

Desenvolve-se entre eles uma "terna amizade-amorosa" como classifica Julio Dantas, que só não se transforma em paixão porque a Rainha ao aperceber-se afastou da Corte Luiz Vaz enviando-o para as campina do Ribatejo.
D. Francisca casou com o seu primo D. João de Borja, embaixador na Corte Austríaca, para onde partiu nunca mais vendo o poeta. Dizem que quando quatro anos depois soube da sua morte o chorou com sentidas lágrimas.

Serpenses Ilustres (Figuras da nossa Terra) III

Neste caso não se tratará muito bem de um Serpense mas de Dª. Francisca de Aragão, primeira Condessa de Ficalho.

O titulo de Conde de Ficalho, neste caso Condessa de Ficalho, foi outorgado em 1599 por Filipe I, de portugal e segundo de Espanha que o concedeu a Dona Francisca de Aragão, filha de Nuno Rodrigues Barreto, alcaide-mor de Faro e Vedor da Fazenda do Algarve, terá nascido em 1536/37 e segundo reza a história foi uma das mulheres mais belas da Corte.
Dona Francisca de Aragão tinha ascendência régia já que era neta por parte da mãe do Mestre da Ordem de Calatrava, D. Afono de Aragão, filho bastardo de D. João II Rei de Aragão.
Foi para a côrte ao serviço de Dona Catarina esposa de D. João III de Portugal, tendo casado em 1576 com o seu primo D. João de Borja, Conde de Mayalde, figura eminente na Corte de Filipe I.
Mercê dos serviços prestados à Rainha Catarina  de Portugal e depois à Imperatriz de Espanha Dona Maria, foi D. Francisca de Aragão agraciada com o titulo de Condessa de Ficalho após a criação daquele condado.
Por  morte de D. Francisca herdou o condado de Ficalho o seu  filho segundo D. Carlos, o qual foi Presidente do Concelho de Portugal em Madrid.
Faleceu D. Francisca no dia 19 de Outubro de 1615, ficando sepultada no Colégio de Santo Inácio em Valladolid
O Titulo outorgado de juro e herdade, foi extinto em 1692, com a morte sem descendência do 4º Conde
de Ficalho.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

AFINAL... QUEM SOU EU

Gostaria de ser uma luz na tua vida,
Uma luz bem reluzente, ali nos lados do forte,
Luz da cidade, aquela que sempre amei, e amo até à morte
Gostava de ser a luz, essa luz que ilumina, mas está ferida...

Mas sou apenas uma triste sombra embranquecida,
Que o destino duro e amargo deu ao mundo em sorte,
Impelido pela força da natureza divina, vivi no forte,
Esquecido no mundo, fiz o meu luto de esperança perdida!...

Sou aquele que passa na rua, mas baixo a "crista"...
Porém, sou mais um que vem para rever...
Tão linda e tão bela que é a Rua da Boa Vista.

Se calhar sou uma visão com quem alguém sonhou,
Que veio até cá para mais sonhos não ter,
E continua a procurar alguém que nunca encontrou!

F. Felizardo
Setembro 2013

PORTUGAL - SERPA

Se fores um dia a Serpa.wmv

sábado, 21 de setembro de 2013

Serpenses Ilustres (Figuras da nossa Terra) II

D. Fernando de Serpa, senhor desta vila por graça de El Rei.
Consta do obituário da Sé de Lamego a seguinte ocorrência: Obijt domnis domnus Jnfans Fernndus de Serpa. E "M." CC."Lxxx"
Trata-se do registo da morte de D. Fernando de Serpa, sem outra referencia, sobre o seu nome, linhagem ou data de nascimento. Supõe-se assim que teria à data da morte cerca de 30 anos, uma vez que terá nascido em Santarém no ano de 1216/17 e a sua morte registada a 19 de Janeiro de 1246. 
Era o terceiro filho varão de D. Afonso II irmão de D. Sancho herdeiro da coroa e de D. Afonso que viria a reinar como Afonso III. 
D. Fernando terá 14/15 anos quando se dá a tomada do Castelo de Serpa.
Em Lisboa El Rei D. Sancho II tinha-se "pegado" em contendas com o clero e quando ficou vaga a mitra escolheu para a herdar um dos dois concorrentes mas o contrário ao escolhido pelo Cabido da Sé, foi quanto bastou para que D. Fernando entrasse na cidade com um séquito de homens de guerra e mandasse queimar todos s moveis e alfaias do preferido do Cabido da Sede. Mais ao ver recusado o mandado feito aos seus homens arrombar o tecto da igreja (recusa feita por ser violação de recinto sagrado) chamou mouros dos muitos que havia em Lisboa dando-lhe a mesma ordem. O desacato foi total mas não foi a única vez que o "moço" D. Fernando, na altura com 20 anos teria cometido tal sacrilégio. Daí que tenha sido excomungado mas, entregue depois aos remorsos ter-se-à dirigido a Roma, pedindo perdão ao Papa Gregório IX que lhe terá levantado a excomunhão a troco de pesadas penitências.
Casou com Dª. Sancha Fernandes de Lara, filha do Conde Castelhano, D. Fernando Gomes de Lara. Depois do casamento levou uma vida pacata e, ao que se sabe terá doado o senhorio de Serpa a sua mulher, conforme consta de vários documentos existentes.
D. Fernando de Serpa, senhor também das terras de Lamego ai terá falecido no dia 19 de Janeiro de 1246 como consta, como acima dissemos do obituário da Sé de Lamego.
Bibliografia consultada: Notas Históricas acerca de Serpa do Conde de Ficalho

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Serpenses Ilustres (Figuras da nossa Terra) I


Não consta em qualquer ensiclopédia nem encontramos o seu nome, nos mais diversos livros publicados, antes pelo contrário continua a ser uma pessoa anónima como qualquer Serpense humilde que o foi. Queremos  no entanto prestar a nossa homenagem a esta mulher, Serpense de nascimento e  de seu nome Maria José Malveiro.

Maria José Malveiro ou Comadre Malveira como carinhosamente era tratada pelos mais velhos, foi tal como tinha sido a sua mãe, Parteira, na então Vila de Serpa. (anos 40/50)

Não se conhece muito acerca da sua vida a não ser que teve 3 filhos João, Bento e Manuela.
Esta senhora ajudou a vir ao Mundo grande parte das crianças, Serpenses que hoje rondarão a casa dos 50/70 anos.
Os mais novos eram ensinados a  chamar-lhe madrinha, mesmo sem  o ser,  e as mães ensinavam os filhos a pedir-lhe a bênção como era costume pedir aos pais e aos avós.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

À Atenção dos Sócios desta Associação

A partir de hoje daremos inicio à publicação dos Acordos de Parceria que venham a ser firmados, com a Associação "Grupo Serpenses no Mundo"
Os sócios poderão começar a usufruir dos descontos e outras regalias que os parceiros firmaram com a Associação.
Para o efeito só terão de apresentar o cartão, ou na sua falta (uma vez que nem todos foram entregues) deverão identificar-se e comprovar estarem as quotas em dia.
Em breve anunciaremos mais acordos firmados.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A NOSSA COLECTIVIDADE


Depois que o Francisco Montes deixou esta foto na página do facebook dos Serpenses no Mundo não podíamos deixar de prestar a nossa homenagem ao autor destas belissimas quadras, o Sr António Jacinto Afonso, quadras que retratam a amizade e vivência de outros tempos.
Aos Sócios/proprietários do Restaurante Molhó Bico os nossos agradecimentos, por ter preservado esta memória colectiva. Bem haja.



1 -                                                                                 11 -     
     É UMA GRANDE COMPANHIA                                  CAIXINHAS, E O SALVADOR
     ONDE SÓ HÁ AMIZADE                                             MESTRES DA MESMA MATÉRIA
     REÚNE PRIMEIRO AO MEIO DIA                              O ALGARVIO - CAIADOR - 
     DEPOIS.... DA PARTE DA TARDE                             E O SERVENTE JOÃO SÉRIA
2 -                                                                                12 - 
    A PRIMEIRA REUNIÃO                                                ESQUECIA O MAXIMIANO
    É QUASE  SEMPRE A MAIS FRACA                          O JAIME E O JOSÉ BAPTISTA
    SENDO ABERTA A SESSÃO                                       MAS NÃO O FOI POR ENGANO
    PELO BAPTISTA E O PATACA                                   PORQUE  ESTAVAM "NA LISTA"
3 -                                                                               13 -
    VEM DEPOIS CHICO ARRANHADO                           CHITA, EURICO, MANUEL SERRA
    E P'RA TV... E AVARIAS                                              E P'RA COISA SER BONITA
    VEM O PEDRO ACOMPANHADO                               JÁ COMEÇARAM A GUERRA
    DO ARTUR, DO AFONSO E DO DIAS                         O MÓSCA, FIGUEIRA E O PELICA
4 -                                                                                14 - 
    LOGO ATRÁS O ZÉ ESPARTEIRO                             O NÚMERO VAI AUMENTANDO
    QUE VEM FEITO "NUM CHINELO"                            LEMBRAM-ME O MAMEDE, O GRAÇA
    PROCURA O ZÉ CANTONEIRO                                  E TAMBÉM ME ESTOU LEMBRANDO
    E APARECE-LHE O "MARTELO"                               DO MANUEL - GUARDA DE CAÇA -
5 -                                                                                15 - 
    O PESSOAL "INDA" É POUCO                                   DO ZÉ GATO, DO SAIÃO 
    MAS ALGUM VAI REUNINDO                                   DO ARRUDA E  VALENTIM 
    CHEGOU AGORA O CACHOPO                                  E PARA VIR À SESSÃO
    O SR PAIS E O ARLINDO                                            CHEGOU DE MOURA O JOAQUIM 
6 -                                                                                16 - 
   AINDA FALTA O PALAIO                                            O SILVA, ANTÓNIO DO CORRO
   ZÉ COELHO E O NOGUEIRA                                        QUE ESTÃO SEMPRE EM DISCUSSÃO
   E JÁ AGORA NÃO SAIO                                               E, P´RA NOS ENFIAR O GORRO
   SEM VER O CHICO FERREIRA                                     APARECEU O MÁRIO BAIÃO
7 -                                                                                 17 - 
    O MONTEIRO, TIOS: RAPOSO E SERRA                  DO "COIMBRA" JÁ ME ESQUECIA
    O "CHINITA" O MANUEL SÉRIO                                ANTÓNIO MESTRINHO E DOS LOBOS
    ELEMENTOS QUE ESTÃO NA BERRA                     DO TIO ZÉ, DA DROGARIA
    E VALEM MESMO UM IMPÉRIO                               E NÃO SEI SE JÁ ESTÃO TODOS
8 -                                                                                18 - 
   O MENDES, - TARDA A CHEGOU..,                             TAMBÉM APARECE - ÀS VEZES - 
   HORÁCIO NÃO APARECE                                            ZÉ DA MOTA - BOM PARCEIRO -
   PORQUE O SEU PAI ABALOU                                     E LÁ DE MESES A MESES
   BEBIDA NÃO LHE APETECE                                       O CELESTINO JANEIRO
9 -                                                                                 19 - 
   MAS AINDA HÁ MAIS SÓCIOS                                  E DEIXEI, PARA DEPOIS
   O CHORÃO, O JOAQUIM MESTRINHO                     - MAS PROPOSITADAMENTE -
  QUE, FEITOS OS SEUS NEGÓCIOS                              MOLHÓ BICO - NUMERO DOIS -
  AQUI BEBEM UM COPINHO                                        QUE EMBEBEDA TODA A GENTE
1O -                                                                             20 -
  BENTO ORELHAS, O HEITOR                                      FABRICANTE DE "PIRUAS"
  O PARAÍBA E O COSTA                                               ESTÁ CERTO -, NÃO HÁ PENEIRAS
  NÃO VEM CÁ POR FAVOR                                           QUE DESCEM, DUAS A DUAS,
  PORQUE QUALQUER DELES GOSTA                         (DA ADEGA) AS "ESCALEIRAS"
                       
                                                                                                                           6/3/73
                                                                                                                           AJA

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Festa/Convívio dia 31 de Agosto 2013

No passado dia 31 de Agosto, realizou-se no espaço e com a colaboração da Comissão de Festas de Serpa a quem agradecemos, um animado convívio organizado pela Associação "Grupo Serpenses no Mundo".
Deu inicio às "hostilidades" O Presidente da Direcção da Associação, amigo Gualkim di Palma ou como é mais conhecido, Kim Palma, que deu as boas vindas a todos os presentes.
O referido convívio seguido de baile teve a participação de alguns elementos da Banda Filarmónica de Serpa, elementos do Grupo Alentejano da Academia Sénior de Serpa e os Trovas Campestres.
                        
O espectáculo foi apresentado pelo amigo, sócio e Secretário da Mesa da Assembleia Geral, José Cândido Saraiva, que também disse versos da poeta popular Serpense, Virgínia Lagarto, gentilmente cedidos pelo Sócio, Manuel Lobo a quem agradecemos.
Na apresentação do espectáculo foi acompanhado pela amiga e Tesoureira da Associação, Mariana Laneiro, que também recitou um poema "As minhas mãos", de sua autoria e "Alentejo" da autoria da sócia, Susete Evaristo.
Nas modas Alentejanas há uma estrofe que diz muito do cante de Serpa e das suas gentes:
"Quem me dera ser de Serpa
   ou em Serpa ter alguém
Só para ouvir dizer:
É de Serpa Cantas bem.
Nesta foto a cumplicidade do Cante Alentejano, entre Grupo da Academia Sénior de Serpa e o Grupo Trovas Campestres  
Serpa as suas gentes que a amam e que estejam onde estiveram não a esquecem e tem mais, tem o cante dolente e harmonioso que nos transporta para os longínquos tempos das judiarias, talvez a sua raiz, tem músicos, tem pintores e tem poetas, uns mais conhecidos outros menos, que estiveram presentes neste serão, uns fisicamente, outros através das suas palavras. Além dos já acima mencionados também a sócia Gracinda Mangas disse poemas de sua autoria "Mulheres de Serpa" e "Serpenses" foram ditos do poeta e amigo também serpense, Francisco Parreira os versos "3ª feira de Altinho"
A Banda Filarmónica de Serpa que não deixou de estar presente neste nosso evento, aqui em plena actuação. Obrigado a todos.
Um agradecimento especial a todos os que de forma colaboraram com a Associação neste evento que cremos não será o único. Agradecemos também a colaboração do amigo Fernando "Baletas" e do amigo Armando Torrão, ambos actuando em conjunto com os  "Trovas Campestres"  para quem vai também um sincero Obrigado.
A alegria e animação não faltaram nesta noite, nem os momentos de cumplicidade entre os amigos e dirigentes Associativos como se pode ver na imagem.
Aqui representantes da Comissão de Festas que também deram o seu contributo para que a noite de 31 de Agosto fosse uma noite espectacular. Obrigada moçoilas, como diria o nosso amigo Saraiva.
Segui-se o sorteio de um quadro da pintora Mariana Laneiro, tendo o mesmo sido entregue ao feliz premiado.
A foto do quadro sorteado

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Um pouco da História de Serpa


Não é fácil, segundo os entendidos, concluir-se quando terá sido construído o primeiro Castelo de Serpa. A povoação, segundo se crê pelas descobertas arqueológicas que se tem vido a fazer, remonta a muitíssimos anos antes da conquista do Castelo pelos Portugueses.
De formato quadrilátero o Castelo Velho, situa-se do lado nordeste, junto à primeira cintura de muralhas. A Torre de Menagem é o seu ponto mais alto, logo seguido da Torre do Relógio, que em tempos foi parte do Castelo.
O dado histórico que conhecemos acerca da “Vila” de Serpa tem início na sua primeira conquista aos Mouros, por D. Afonso Henriques, em 1158 com a ajuda dos Cruzados.
Várias vezes perdida para os Mouros e outras tantas conquistadas, passa para a Coroa Portuguesa em 1232, no Reinado de D. Sancho II que concedeu o senhorio de Serpa a D. Fernando, seu irmão que nela viveu e que veio a ser conhecido pelo Infante de Serpa.
Após algumas atitudes contra a igreja D. Fernando foi excomungado pelo Papa Gregório IX.
Após o casamento de D. Fernando com Dª. Sancha Fernandez de Lara, filha de um Conde de Castela, ali ficou por aquelas terras, (Castela) nada se sabendo mais, acerca da sua vida.
Mais tarde com a suposta morte de D. Fernando passa a Vila de Serpa, para a posse da Coroa Portuguesa.
Até ao Séc. XIII, nas várias disputas havidas com Castela perdeu Portugal, as terras de aquém Guadiana, incluindo Serpa.
Em Maio de 1253, Afonso X de Castela inclui Serpa no dote de sua filha Beatriz , por ocasião do casamento desta, com Afonso III de Portugal, com a cláusula de que a posse definitiva só teria lugar quando o primeiro filho do casal completasse 7 anos.
Cláusula que não cumpriu. (!)
Foi já no reinado de D. Diniz, em 6 Setembro de 1295, que foi acordada a entrega definitiva da Vila e seu Termo ao Rei de Portugal.
Serpa, foi sempre um ponto de cobiça dos nossos vizinhos, Castelhanos, mais tarde Espanhóis,* tanto pela sua situação geográfica como por ser uma referência na Organização Militar do país. Não obstante as constantes razias que as terras deste Concelho sofreram ao longo da sua História, quer nas investidas da moirama, quer no período da Restauração, ou ainda, durante as invasões francesas, aquela que se tornou mais brutal, foi a perpetrada pelo Duque de Ossuna, durante a guerra de sucessão espanhola (1702/1712).
Durante o conflito, mais propriamente em 26 de Maio de 1707, o Duque de Ossuna assaltou e tomou pela força, após meses de resistência dos Portugueses, o castelo da Vila de Serpa. Um ano depois em 1708, quis a sorte que as tropas espanholas fossem obrigadas a retirar-se desta vila, contudo, não o fizeram sem causarem nas suas muralhas enormes danos. Testemunhos? Os grandes torreões rochosos, mesmo à entrada do Castelo que ainda subsistem, sendo um testemunho maior dos factos que então ocorreram.  Também uma das portas da muralha, a Porta de Sevilha foi destruída pelo Duque se Ossuna, na sua retirada da praça de Serpa, estas mantiveram-se até 1780, altura em que ruíram, parte dos torreões que a defendiam, até que, em 1871, caindo novo fragmento, foi deliberado apear o que restava da antiga muralha por se considerar um perigo para a saúde pública. Frente à Porta de Sevilha e na direcção da Rua da Fonte do Ortezim, a antigamente denominada de Rua Larga, tomou para si a designação de Rua das Portas de Sevilha, perpetuando assim a porta desaparecida.
O Castelo de Serpa foi classificado como Monumento Nacional por decreto de 30 de Janeiro de 1954.(* abro aqui um parêntesis para recordar que o país nosso vizinho só passou a designar-se por Espanha, após a unificação dos vários reinos que a compõem a saber: Astúrias, Leão, Castela, Galiza, Navarra e Aragão é portanto como país bem mais recente que Portugal)
As Muralhas de Serpa sofreram ao longo dos tempos atentados de destruição como pode ser confirmado em documentos existentes no Tombo da Câmara, como nos diz João Cabral, no seu livro “Arquivos de Serpa” e que cito: «Por proposta do vereador José Ricardo Cortez de Lobão foi pedida, superiormente, em 7 de Fevereiro de 1863, a demolição das muralhas que em grande parte ameaçam ruína» mais adiante refere ainda: «Também o Dr. António Joaquim Bentes, em 23 de Janeiro de 1864, na qualidade de presidente do Município, propôs e foi aprovado que "se peça ao Governador de Sua Majestade e concessão do forte denominado Castelo Velho e bem assim para poder destruir as muralhas que circundam parte da vila por se considerarem contrárias à saúde pública”» e ainda «Precisamente um ano depois o presidente lê dois requerimentos pedindo as mesmas demolições, o que se repetiu em Julho de 1877».
Numa outra página do mesmo livro afirma ainda João Cabral: «Em 1 de Fevereiro de 1917 foi deliberado demolir a parte da muralha, que estava em ruínas, à Porta de Moura». Sabe-se ainda que em meados do séc. passado foram as muralhas levadas a hasta pública para arrematação e posterior demolição, o que felizmente não se concretizou por falta de licitadores. Já nas últimas décadas do séc. xx sofreram as muralhas (ou parte delas) os trabalhos de restauro que se impunha, devolvendo aos vindouros a possibilidade de apreciar a sua beleza e magnitude.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Associação "Grupo Serpenses no Mundo - Tomada de Posse

 24 de Agosto de 2013
Joaquim Palma, Presidente da Direcção; Mariana Laneiro, Tesoureiro e Suzete Evaristo, Secretária de Direcção.
Os Serpenses podem estar certos que tanto a Direcção como todos os elementos que compõem a Mesa da Assembleia Geral e o Conselho Fiscal, que acabam de tomar posse, saberão honrar o cargo para que foram nomeados sem olhar a cores futebolísticas, partidárias ou crenças religiosas.
Assim o determina o artº 3º dos Estatutos da Associação e assim cumpriremos.
Trabalhar em prol do Concelho de Será é e será o nosso Lema.

Mesa da Assembleia Geral
Presidente, Francisco Montes; Vice Presidente António Xavier; Secretário, José C. Saraiva
Momento em que era apresentado o Plano de Actividades para o próximo triénio pelo
Sr Presidente da  Direcção
Embora todos sejam por demais conhecidos aqui fica a identificação e o cargo que ocupam, após tomada de posse, na Associação "Grupo Serpenses no Mundo"
Da esquerda para a direita: Gracinda Mangas, Relator no Conselho Fiscal; Noel Farinho, Presidente do Concelho Fiscal; Saraiva, Secretário da Mesa da Assembleia Geral; Xavier, Vice-Presidente da Mesa da Assembleia Geral; Suzette Evaristo, Secretária de Direcção; Joaquim Palma (Gualkim di Palma) Presidente da Direcção; Mariana Laneiro, Tesoureiro e António Mangas, Secretário do Concelho Fiscal.
De salientar que embora todos os integrantes dos Corpos Sociais da Associação agora empossados, residam em Portugal Continental, representam o que poderão ser os "embaixadores" Serpenses no mundo.
Os membros deste grupo encontram-se a residir em vários pontos do país, desde o Algarve; Alentejo; Estremadura e Ribatejo, convergindo para Serpa sempre que seja necessário ou sintam de facto o chamamento da sua terra Natal.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Participação


A Associação " Grupo Serpenses no Mundo” tem a honra de participar a todos os Serpenses, a tomada de posse dos seus Corpos Sociais, que terá lugar na Assembleia Geral, a realizar no próximo dia 24 de Agosto, pelas 15,00 horas nas instalações da Junta de Freguesia de S. Salvador.
                                                                                 P'  Direcção

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Guadiana

Guadiana
tu que nasces em Espanha
como o teu irmão o Tejo
fazes preza tamanha,
ao regares o Alentejo

Guadiana assim és tu
um rio que muito me enleva
e encheste duma vez
a barragem do Alqueva

Os caminhos que percorres,
sinuosos ou planos,
dizem-me que não morres
garantem nossos Hermanos.

Por Serpa também tu passas
Lugar bonito alguém disse
do meu país lindas praças
e da minha meninice.

Tantas já são as saudades
de banhar-me no teu leito
aumentam-me as saudades
que guardo dentro do peito

JRRF

domingo, 18 de agosto de 2013

Serpa nas palavras de Saramago - in Viagem a Portugal

O viajante dormirá neste sitio de S. Gens, perto de Serpa. Há, aqui para trás, uma Ermida de Nossa Senhora de Guadalupe. O que tem pra ver, vê-se por fora. Não é como a paisagem que diante dos olhos do viajante se alonga. Essa quer que a vejam por dentro. É uma distância de árvores e colinas quase rasas, simples cômoros que se confundem com a planície. Já se pôs o Sol, mas a planície não se apaga. Cobre o campo uma cinza dourada, depois empalidece o ouro, a noite vem devagarinho do outro lado, acendendo as estrelas. Chegará mais tarde a Lua, e os mochos chamarão uns pelos outros. O Viajante, diante do que vê, sente vontade de chorar. Talvez tenha pena de si mesmo, desgosto de não ser capaz de dizer em palavras o que esta paisagem é. E diz apenas assim: esta é a noite em que o mundo pode começar.  
………………………………………………….....................……..........................… 
Quando o viajante acordou e abriu a janela do quarto, o mundo estava criado. Era cedo, ainda vinha longe o Sol. Nenhum lugar pode ser mais serenamente belo, nenhum o será com meios mais comuns, terra larga, árvores, silêncio. O viajante tendo assim estas coisas estimado com o seu saber de muita experiência feito, pôs-se à espera de que o Sol nascesse. Assistiu a tudo, à transformação da luz, à invenção da primeira sombra e do canto da primeira ave, e foi o primeiro a ouvir uma voz de mulher, vinda do invisível, dizendo esta frase simples: «Vai estar outro dia de calor.» Proféticas palavras, como o viajante viria a saber à sua custa.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A minha primeira feira livre

A suspeita andava no ar há muito tempo e confirmou-se por esta altura do ano, quando a mãe informou a família que eu já podia ir sozinho à feira, afinal já era  crescido e o moço havia de se governar, como os outros. A partir daquele instante, os dias eram contados com alguma ansiedade pois tratava-se do primeiro dia em que seria eu a comandar as minhas decisões, sendo que tal evidência parecia não mais chegar.
Com o aproximar do dia, que se achou mais conveniente, talvez o terceiro dia de feira, encontrados os companheiros de aventura, contabilizou-se o capital aforrado e mais algum abono de de última hora lá partimos para a vila, não sem antes ter de ouvir as recomendações lá de casa,já de todos conhecidas à légua, que para além dos apelos ao saber comportar-se, incluíam ao mesmo tempo o imperativo dever de trazer as tradicionais lembranças da feira. Destas, faziam parte o cheiroso quilo de pêros, um pedaço de pinhoada e um objecto decorativo à minha escolha, porque não parecia bem vir da feira de mãos a abanar...
Era tamanha a ânsia, que partimos pela hora do meio-dia, tendo à chegada encontrada a feira numa espécie de dormência, dada a hora imprópria, devido à calma. 
Por ali andamos vagueando, sabendo eu ser obrigatório tomar a seguinte decisão: - Comprar agora (que ainda havia dinheiro) as lembranças lá para casa, sabendo que seria um estorvo andar até ao fim da festa de saco na mão... Assim, comprada a pinhoada, os pêros e uma boneca saída da barraca das argolas, faltava compor o ramalhete com a compra de um maço de tabaco "Sagres" que, embora consciente da gravidade da decisão, tal atitude representava mais um sinal de afirmação para se ser homem.
A feira era composta pela rua principal que entroncava no enfiamento entre o Jardim e o Cine-Parque Esperança e as outras ruas laterais de pouca importância para nós. Ao fundo "plantavam-se" as pistas dos carros, o carrossel e os circos com as suas estruturas de apoio.
A meio da tarde, já com a feira bem movimentada, havia que dar largas ao usufruto da liberdade conseguida, por isso, ora conduzia na pista de sentido único, onde havia menos emoção, ora na outra onde parecíamos voar em estradas de sonho. Aqui e ali via-se um ou outro chapéu na pista, de homens já "quentes" que se aventuravam a guiar tais máquinas, sendo tal, motivo de risada dos moços.Andar nestes solavancos, agarrado ao saco das lembranças, não era nada fácil, ainda por cima, a boneca podia partir-se....Contudo a felicidade parecia não ter fim e o grupo de vez em quando fazia uma incursão pelo carrossel com menos moção, onde saltávamos do lombo de uma girafa para o de um cavalo ou até agarrado à juba de uma leão que por ali ia passando.Contudo o que mais me admirava era a destreza com que os funcionários, em plena velocidade de ponta, iam até nós para receber os dez tostões da corrida e não caiam.
Já a noite ia alta, depois de ver como eles faziam, resolveu o grupo ir andar a última vez naquele sobe e desce, querendo eu experimentar a fineza de sair ainda com aquilo em andamento.Era fácil, bastava que quando fosse na parte rotativa, por um pé devagarinho na parte fixa da estrutura e... já está. Um trambolhão brutal que me levou escada abaixo, indo parar junto aos pés do policia postado à entrada do carrossel. Envergonhado e no meio de alguma galhofa dos outros, ficou-me na mão o saco vazio das lembranças. Foram encontrados no meio de algum restolho, a pinhoada, alguns pêros ofendidos e a boneca sem cabeça, estando esta não muito distante.
Acabou-se ali o estado de graça de um dia que estava a ser feliz e, nem as graçolas dos palhaços no Circo Popular, tinham a piada devida, nem a trapezista merecia as palmas concedidas, tal o estado de alma em que me encontrava, sabendo que em casa não me esperaria coisa boa, quando tivesse que mostrar as evidências do dia festivo.
As lembranças ofendidas, tal como a fatiota maltratada, foram recebidas com ar sério, ao contrário da fácil detecção do bafo mal disfarçado dos cigarros fumados durante o dia, que mereceram de imediato dois valentes sopapos nas ventas, em forma de correctivo por tamanha ousadia...!
estória auto-biográfica de
Francisco Montes